segunda-feira, 10 de novembro de 2008

LITERATURA


Um pouquinho sobre Clarice Lispector


"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


Clarice Lispector foi uma escritora brasileira, nascida na Ucrânia. Sua família sofreu perseguição dos judeus, durante a Guerra Civil Russa (1918 - 1921). O seu nascimento ocorreu, enquanto percorriam várias aldeias da Ucrânia, antes da viagem de emigração. Chegaram ao Brasil (em Maceió em Março de 1922) quando ela tinha pouco mais de um ano de idade.Começou a escrever tão logo aprendeu a ler. Passou sua infância na cidade de Recife. Falava francês e inglês. Ainda jovem, casada com um diplomata brasileiro, serviu como voluntária na campanha da Itália durante a II Guerra Mundial, no corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira.Embora tenha se formado em Direito, Clarice Lispector nunca advogou, sobrevivendo basicamente do jornalismo e dos trabalhos de tradução.Durante os anos 50 e 60, escreveu, sob os pseudônimos de Teresa Quadros, Helen Palmer para os jornais Comício e Correio da Manhã. Os textos tratavam do universo próprio das mulheres da época, dando dicas de economia doméstica, receitas culinárias, saúde e comportamento. A partir de 1968 foi entrevistadora na revista Manchete, onde assinava "Diálogos possíveis com Clarice" e, depois, na revista Fatos & Fotos.Em 1977 colaborou com o jornal Última Hora, onde publicou suas crônicas.Costumava evitar declarações íntimas nas entrevistas, afirmando que jamais escreveria uma autobiografia, mas o que deixou escrito nos permite acreditar que ela compôs um auto-retrato.


Deliciem-se com alguns fragmentos de Clarice:


"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."


"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldadespara fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz."


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

BOA SEMANA!!

Nenhum comentário: