domingo, 12 de outubro de 2008

CRIANÇA

Não se pode negar que a data de hoje é totalmente voltada ao comércio. Estive olhando as crianças que moram em minha rua e observei que a conversa delas girava em torno dos presentes recebidos. E aquelas que não "ganharam" nada nem ousaram sair. Ficaram dentro de casa, sabe se lá como, pois não tinham o que contar. Me lembrei do poema de Clevane Pessoa:


Infância Perdida, Infância Roubada
Não sei se perdida ou roubada,
por certo não pela própria vida
a infância está diluída num
País de meia idade
Uns nas ruas, sem ter
para onde voltar,outros cola a cheirar,
tantos trombadinhas a roubar
pertences alheios,
sem ter quem lhes direcione a vida...
No sinais, a vender balas, chicletes, frutas
E se não venderem o encomendado, cada um é surrado, humilhado
e pode ir deitar sem comer...
Nas carvoarias, nas cozinhas,
em vez de soltar pipas,
Pular as amarelinhas,
Jogar bola e brincar de pique,
Trabalham além de seus limites,
Exaustos, queimados,cobrados...
Alguns são filhos de putas,
Outros são filhos de santas,
Muitos sofrem pela sedução,
Das drogas, do sexo precoce...
Abuso, estupro, prostituição,
Gravidez, aborto:meninas mulheres
fazem mil erros para ganhar o suficiente
Para o leite, para o pão...
Muitas jogadas fora
Quais cães sarnentos...
Quantas crianças alugadas, vendidas, desaparecidas...
Ao ver animaizinhos enjaulados
para serem vendidos,nos dias de hoje,
o que parece muito natural,
pois todos se esquecem
que é livre, o animal
não posso deixar de perguntar:
daqui a quantos anos, crianças enjauladas
para um livre comércio parecerão
aos nossos olhos então já acostumados,
algo muito natural?...

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